Vivemos uma época que pede resgates urgentes. A simplicidade, a capacidade de encanto e admiração, o olhar receptivo para se alimentar com belezas aparentemente corriqueiras precisam ser também prioridades.
Não há mundo novo sem respeito ao melhor do antigo.
Naquele dia comum, recebi a visita de um rapaz que, apesar da pouca idade e terna educação, ainda tinha medo de tirar os pés do chão. Distraído, acompanhava as estrelas sem perceber que nas flores ele pisava. Saberia ele decidir onde ficar? Pois se perdia ao tentar se encontrar. Em suas mãos, vários papéis sobrevoavam sua mente como passarinhos que no ar viviam e na terra também se aninhavam. Viu a vida acontecer acima e abaixo do horizonte que trilhava.
E depois de tanto adoecer os olhos com tristezas e muito trabalho, noites insones, andadas, muitas vezes à toa, por não ser ouvido, tratou de cuidá-los com poesia, na terra em que depositava sua fé e o seu amor: Lajedo!
Estava à frente dos meus olhos, o amor que lhe lembrou as verdades esquecidas pela mente de muita gente, mas sabidas desde sempre pelo seu coração: que a vida é feita de esquinas de muitas cores. Que caminhar é escada de degraus infinitos. Que quando se dá um passo em direção à Existência Divina, ela dá mil na nossa direção. Que às vezes a gente ensina aquilo que mais precisamos aprender. E que amanhecer, buscar e encontrar são atributos do espírito. Soprou alto tudo aquilo que viu e queria mostrar o que aqui se viveu. E sentiu que podia ele andar leve no verde e beber do azul. Era ele filho da vida. Os caminhos todos lhe eram seus.
As bênçãos todas lhe eram suas. Ele é de Lajedo.
Com asas que muito se machucaram, sabia que as cicatrizes iriam desaparecer no amanhã. O céu lhe pertencia. Arriscou. Entregou-se. Voou. Voltando à memória, acho fantástico perceber como ela consegue pescar sensações e sentimentos lá nas águas do passado e trazê-los para o instante presente. Foi o que tentei fazer para entregar a Paulo Henrique o pouco que sei. Por mais que o rio flua, o tempo não passa no coração, é o que sinto. A memória faz com que coisas que aconteceram há décadas sejam revisitadas com um frescor tão bom que parecem ter ocorrido nesse instante. A memória não sente calendários, embora os saiba. A ajuda dessa maravilha só pode ser suprema.
Há algo em mim que não desaprende esse caminho. Que segue quando aparentemente eu paro. Que continua a luzir, mesmo quando eu tropeço nas minhas sombras. Há algo em mim que me leva pela mão para brincar, com saudades, é claro, para reconhecer o que continua vivo e belo além de toda e qualquer situação limitada.
Algo que me mostra uma paz intensa e verdadeira, que não me deixa esquecer que continuo a ter asas, mesmo quando eu não voo. A memória, de alguma forma, me ajuda a lembrar de tudo isso, porque nunca desfaz a mesa onde eu posso me alimentar, sobretudo quando mais preciso, com lembranças perenes de amor. Ao olhar para Paulo Henrique, com a sede de receber esclarecimentos, senti a presença de muitas pessoas. Não teria chegado aqui da mesma forma sem elas. Gente da minha família de sangue, da sua família, da nossa família. Gente da família que o nosso coração cria vida afora. Gente que encontrei em algum ponto do caminho. Muitas me ajudaram sem sequer perceber.
Recebi em diversos momentos a dádiva de gestos de cuidado e amor que fizeram toda a diferença. Mesmo os mais singelos foram providenciais: sorrisos, olhares, escutas, abraços, palavras, silêncios compartilhados. Era a hora de retribuir, de agradecer e colocar em novas mãos a verdadeira história de nossa terra. Vieram contos, gravações, canções, retratos pardos e desgastados pelo tempo e muitos escritos.
Paulo Henrique sentou-se à margem do rio para observar, silenciosamente, os sutis movimentos da paisagem que o acolhiam. Tomou em suas mãos cascalhos e pedras, analisando uma a uma como se pensamentos fossem, separando aquelas que enegreciam suas águas com limo e sujeira ou que destoavam da sua elegância daquelas outras que compunham harmonia, deixando a correnteza levar o resto que não servia.
Sabia ele que o riacho era na verdade um rio profundo, como também que entre a lama e o limo escondia o rio grandes tesouros. Removeu entraves. E, assim, aprendeu a nadar. Limpou esse rio e construiu pontes; ajeitou seu leito, que não era mais de morte, e bebeu a vida daquela mesma água, alimentando pássaros, céus e sementes. E quem mais viesse. E veio a água limpa e transparente, e outras pessoas.
Com inteligência, persistência e coração, Paulo Henrique lhes oferta Lajedo – Uma história de lutas, conquistas e glórias. Parabéns é pouco. Que o sucesso seja uma constante em sua vida e que este livro simbolize o primeiro de tantos outros que virão!
Naquele dia comum, recebi a visita de um rapaz que, apesar da pouca idade e terna educação, ainda tinha medo de tirar os pés do chão. Distraído, acompanhava as estrelas sem perceber que nas flores ele pisava. Saberia ele decidir onde ficar? Pois se perdia ao tentar se encontrar. Em suas mãos, vários papéis sobrevoavam sua mente como passarinhos que no ar viviam e na terra também se aninhavam. Viu a vida acontecer acima e abaixo do horizonte que trilhava.
E depois de tanto adoecer os olhos com tristezas e muito trabalho, noites insones, andadas, muitas vezes à toa, por não ser ouvido, tratou de cuidá-los com poesia, na terra em que depositava sua fé e o seu amor: Lajedo!
Estava à frente dos meus olhos, o amor que lhe lembrou as verdades esquecidas pela mente de muita gente, mas sabidas desde sempre pelo seu coração: que a vida é feita de esquinas de muitas cores. Que caminhar é escada de degraus infinitos. Que quando se dá um passo em direção à Existência Divina, ela dá mil na nossa direção. Que às vezes a gente ensina aquilo que mais precisamos aprender. E que amanhecer, buscar e encontrar são atributos do espírito. Soprou alto tudo aquilo que viu e queria mostrar o que aqui se viveu. E sentiu que podia ele andar leve no verde e beber do azul. Era ele filho da vida. Os caminhos todos lhe eram seus.
As bênçãos todas lhe eram suas. Ele é de Lajedo.
Com asas que muito se machucaram, sabia que as cicatrizes iriam desaparecer no amanhã. O céu lhe pertencia. Arriscou. Entregou-se. Voou. Voltando à memória, acho fantástico perceber como ela consegue pescar sensações e sentimentos lá nas águas do passado e trazê-los para o instante presente. Foi o que tentei fazer para entregar a Paulo Henrique o pouco que sei. Por mais que o rio flua, o tempo não passa no coração, é o que sinto. A memória faz com que coisas que aconteceram há décadas sejam revisitadas com um frescor tão bom que parecem ter ocorrido nesse instante. A memória não sente calendários, embora os saiba. A ajuda dessa maravilha só pode ser suprema.
Há algo em mim que não desaprende esse caminho. Que segue quando aparentemente eu paro. Que continua a luzir, mesmo quando eu tropeço nas minhas sombras. Há algo em mim que me leva pela mão para brincar, com saudades, é claro, para reconhecer o que continua vivo e belo além de toda e qualquer situação limitada.
Algo que me mostra uma paz intensa e verdadeira, que não me deixa esquecer que continuo a ter asas, mesmo quando eu não voo. A memória, de alguma forma, me ajuda a lembrar de tudo isso, porque nunca desfaz a mesa onde eu posso me alimentar, sobretudo quando mais preciso, com lembranças perenes de amor. Ao olhar para Paulo Henrique, com a sede de receber esclarecimentos, senti a presença de muitas pessoas. Não teria chegado aqui da mesma forma sem elas. Gente da minha família de sangue, da sua família, da nossa família. Gente da família que o nosso coração cria vida afora. Gente que encontrei em algum ponto do caminho. Muitas me ajudaram sem sequer perceber.
Recebi em diversos momentos a dádiva de gestos de cuidado e amor que fizeram toda a diferença. Mesmo os mais singelos foram providenciais: sorrisos, olhares, escutas, abraços, palavras, silêncios compartilhados. Era a hora de retribuir, de agradecer e colocar em novas mãos a verdadeira história de nossa terra. Vieram contos, gravações, canções, retratos pardos e desgastados pelo tempo e muitos escritos.
Paulo Henrique sentou-se à margem do rio para observar, silenciosamente, os sutis movimentos da paisagem que o acolhiam. Tomou em suas mãos cascalhos e pedras, analisando uma a uma como se pensamentos fossem, separando aquelas que enegreciam suas águas com limo e sujeira ou que destoavam da sua elegância daquelas outras que compunham harmonia, deixando a correnteza levar o resto que não servia.
Sabia ele que o riacho era na verdade um rio profundo, como também que entre a lama e o limo escondia o rio grandes tesouros. Removeu entraves. E, assim, aprendeu a nadar. Limpou esse rio e construiu pontes; ajeitou seu leito, que não era mais de morte, e bebeu a vida daquela mesma água, alimentando pássaros, céus e sementes. E quem mais viesse. E veio a água limpa e transparente, e outras pessoas.
Com inteligência, persistência e coração, Paulo Henrique lhes oferta Lajedo – Uma história de lutas, conquistas e glórias. Parabéns é pouco. Que o sucesso seja uma constante em sua vida e que este livro simbolize o primeiro de tantos outros que virão!
Adolfina Pacheco Sá dos Santos
